Cada professor precisa reconhecer a necessidade de melhorar sua qualificação enquanto telespectador. E mobilizar-se para superar o nível superficial do gosto / não gosto, em relação à TV, construindo, pouco a pouco, um novo saber e um novo nível de relação consciente com ela. Buscar os porquês de seus “gostares e não-gostares”. Cabe ir um pouco mais fundo: perguntar-se o que são, como atuam, o que desejam esses conteúdos e formas, essas imagens, sons e textos mixados, que vão formatando mesmo nossas subjetividades.
Quanto às indagações e pressões de alunos, querendo manifestações do professor sobre programas assistidos, cujos heróis e vilões, algozes e vítimas provocam discussões acaloradas, já será uma novidade positiva que o professor conheça os programas que estão alimentando seus alunos. Assim, poderá conversar com os alunos sobre eles, poderá identificar a leitura que fazem deles, e seus principais equívocos. A ferramenta principal não será corrigir, desmentir, discordar.
Currículos escolares tentam ignorar que fora da sala de aula as crianças muito aprendem sobre o mundo, que a informação que a mídia lhes lega é acessível.
A escola é solicitada a estimular competências não para simplesmente ler, interpretar, mas para compreender meias e mensagens audiovisuais que os jovens consomem e com que se envolvem afetivamente. Deve encorajá-los a conhecer a mídia, ativar-lhes o pensamento crítico, analisar o que a TV veicula.
O professor necessita se familiarizar com a tecnologia que irá trabalhar para que o uso produza resultados positivos na aprendizagem, antes de ligar o aparelho deve lembrar-se de:
- Gravar o programa e selecionar as cenas que serão exibidas aos alunos, fazendo o recorte dentro dos seus objetivos.
- Planejar as aulas propondo exercícios e atividades relacionadas ao vídeo: eles não podem ser exibidos como se fossem auto-explicáveis.
- Checar a qualidade da imagem e do som.
- Parar a exibição sempre que necessário para comentários ou explicações.
- Pedir para os alunos anotarem as cenas mais importantes, as falas e os detalhes mais marcantes.
- Rever as cenas mais importantes.
- Observar as reações do grupo para voltar aos pontos da exibição que a turma mais se deteve.
- Ao adotar a televisão como recurso pedagógico, convém avisar os pais pois eles podem ter preconceitos e achar que a escola está enrolando ao colocar a turma na frente do aparelho "em vez de" dar aula.
Como NÃO usar a telinha em aula:
Sem critério e objetivos pedagógicos claros, a televisão pode virar embromação. Portanto, evite:
- Usar como tapa-buraco quando falta professor ou acontece algum contratempo.
- Passar vídeo que não tenha relação com o conteúdo: as crianças percebem que essa é uma forma de camuflar a falta de planejamento.
- Usar o recurso em todas as aulas e esquecer outras dinâmicas: o exagero diminui a eficiência e empobrece as atividades.
- Criticar sistematicamente possíveis defeitos de informação ou estéticos: se eles existirem, desafie a turma a encontrá-los e a questioná-los.
- Assistir à televisão com os alunos sem discussão: qualquer assunto que venha da televisão deve ser integrado com o tema da aula.